Quando um relacionamento termina ficamos com uma parte dele meio latente, meio nociva, dentro da gente. É normal. O problema é que essa parte é capaz de criar raízes e nos consumir, nos fazer pessoas céticas. Mesmo quando somos a parte que tomamos a decisão de partir, é estranho habituar-se a ser um quando dois tornou-se regra. É estranho pensar por si só. E mais complicado que reaprender a fazer as tarefas do dia-a-dia sem reportar nada a ninguém ou sem um planejamento prévio que pondere aquilo que a outra pessoa também gostaria que fosse feito, é não saber encarar os novos amores. Não encontrar nunca alguém que seja suficientemente bom ou agradável a ponto de ter nossa companhia. Apaixonar-se é chato. Cansa. Exige um esforço que nem todo mundo está disposto a viver novamente e que pode vir a trazer dores maiores no futuro, óbvio. Das coisas boas sempre surgem as ruins.
Quando somos jovens as oportunidades são infindáveis, nossa vida social está à mil. Na escola, na academia, no clube, nas festas de 15 anos… Somos obrigados a nos mover para frente e a esbarrar, inevitavelmente, em novos contatos, pessoas, amigos de amigos que estão tão disponíveis quanto o desejado. Infelizmente, com o tempo, tendemos a trabalhar mais e viver menos. Nosso círculo de amizade torna-se mais restrito e a cada nova pessoa que encontramos pensamos, investigamos e refletimos: será que vale mesmo a pena?
Quase sempre a resposta é não.
Aos quase 30 as pessoas já viveram muitas coisas. Algumas tem filhos, algumas se separaram, algumas nunca conseguiram encarar um relacionamento de verdade e não estão dispostas a viver um agora. É crítico. E numa sociedade que nos incentiva a viver cada dia mais sós, as pessoas não estão se movendo para juntar-se e sim, para separar-se. Se nem os amigos conseguimos ver com frequência, que dirá os futuros affairs.
Se as pessoas estivessem felizes com essa realidade esse texto não teria sentido, mas recebo inúmeras reclamações sobre a solidão. Sobre como as pessoas andam complicadas, fechadas, difíceis. E eu queria mostrar que as coisas são dessa forma porque nós mesmos estamos assim. A culpa não é dos outros, é nossa. Sempre nossa. Ninguém vai aparecer na porta da sua casa e te pedir em namoro. Ninguém vai descobrir afinidades, semelhanças, ninguém vai te achar desejável se você não se mover.
Ainda que pareça muito melhor estar só, uma hora, cansa.
E perde a graça.
4 Comentários
Pois é, cansa mesmo. =/
Saudades Ericka!
=*
Texto pra miiiiiiiiim!!!!
Eu tô cansada, fato. Mas tbm não tô me mexendo. Ou seja: fico procurando amores no meu círculo, daí a chatice de ver sempre bons pretendentes já namorando rsssss
O negócio é se jogar mesmo, se tem uma coisa q a gente tem q aprender é q todo negócio envolve riscos e, se aprendemos com nossos erros, basta tentar ir com menos sede ao pote, pra minimizar esse risco.
Cansa mesmo, mas as vezes machuca tannnttoo depois a separação que sei lá, mas é muito bom se apaixonar, amar, ter novas amizades!
Ah, verdade, tem essa fase de se fechar na concha. E depois aquele esforço enorme e sofrido para sair da inércia que nos prende no mesmo lugar. Mas vale a pena. Acho difícil me abrir para novos possíveis melhores amigos, mas devagarinho a gente vai deixando o ar e pessoas novas entrarem.
Estou nessa, de começar a olhar para fora da concha, a querer sair mesmo cansada, a de fazer algo porque nunca fiz antes. Me deseje sorte, porque fora da concha é meio frio.